Todo esse trabalho em torno da apresentação trouxe um sentimento de pertencimento, de identidade no grupo, e assim começou o nosso projeto com muita exploração de timbres e desenvolvimento de percepção auditiva.
Esse trabalho propiciou um grande aprimoramento da atenção auditiva do grupo. Hoje, a cantoria acontece quase todos os dias, e o prazer na fala e nos olhos surge quando temos a possibilidade de nos apresentar e cantar as nossas músicas para o público.
Desde os primórdios da civilização, o homem canta para plantar, colher, recolher os animais, lavar suas roupas, pescar. A música torna suaves e alegres as árduas tarefas do dia a dia. Os Cantos de Trabalho expressam o sentimento, a sensibilidade de um povo, e através deles podemos conhecer uma nação, sua alma, e explorar sua diversidade cultural.
Percebemos como características marcantes desse grupo, dois fatores importantes: a facilidade que têm de interagir e o interesse pelas propostas oferecidas. É comum observarmos diferentes brincadeiras, especialmente nos pátios livres, onde os meninos interagem com as meninas. Circulam com autonomia nos espaços e participam das diversas atividades. Costumam se interessar, bastante, pelas propostas oferecidas, opinando e dando idéias.
E em meio à exploração de sons corporais, brincamos de adivinhar que som é esse? E quando um colega fazia, toda a turma imitava em gestual e som. Além disso, utilizamos outras maneiras para representá-los com o nosso corpo: um para o outro, cada um marcando, na sua vez, com palmas, buscando um andamento freqüente.
Depois, partimos para algumas reproduções de músicas introduzindo, assim, um novo repertorio com ritmos e brincadeiras.Tudo isso porque entendemos que o som é como uma bola de borracha que bate na parede e volta para os nossos ouvidos, num repeteco.
Terminamos este relato com uma frase do etnomusicólogo Paulo Dias,
"A tarefa cantada firma os laços de amizade e fecunda o potencial criativo do grupo”.
Professoras Diva, Lucia e Michelle.